A origem da Religião e o primeiro Deus, são assuntos de controvérsia. Provavelmente, a primeira atitude religiosa do homem foi o naturalismo religioso, isto é, a adoração de objetos e fenômenos da Natureza. A seguir, em vez do culto do objeto físico passou a reverenciar o espírito ou a alma do objeto ou fenômeno.
Mas a teoria mais aceitável, parece ser a seguinte:
Suponhamos que morreu o chefe de uma tribo, que em vida foi um líder temido. Mas depois de morto, passou a ser ainda mais temível, porque seu corpo-sombra ficou invisível e ninguém sabia quando iria atacar as infelizes criaturas que por ventura lhe caíram em desagrado. Para cair nas boas graças dele, fazia-se necessário cativá-lo com muitos presentes e orações. Ele era um espírito terrível e poderoso. Trovejava e relampejava (na tempestade), ocorriam eclipses, trazia doenças e mortes aos que lhe desagradavam e assegurava a vida aos recém-nascidos. O homem primitivo, naturalmente, não suspeitava que o ato sexual tivesse relação com a produção de uma nova vida.
Além disso, esse poderoso espírito-sombra controlava ainda alguma coisa de misterioso que pairava no ar: a Sorte. Às vezes ele vinha ajudá-los, outras vezes, não vinha. Um dia dois amigos partiram para a caça ou à batalha: um morria e outro se salvava. A sorte fora favorável a um e desfavorável a outro. Por quê ? Talvez por causa de um ato importante que um deles praticara ou deixara de fazer. Mas quem podia afirmar ? Ora, havia sábios na tribo que se propunham descobrir esse mistério e se tornaram peritos na previsão da Sorte, mágicos Sagrados, e, por fim Xamã – uma mistura de bruxo, feiticeiro e sacerdote. Passaram a informar o que se devia fazer ou deixar de fazer para conseguir a graça aos olhos do seu chefe-sombra, seu Deus e obter uma dose razoável de boa sorte. Esses sacerdotes deviam ser rigorosamente obedecidos, pois a desobediência se pagava com a morte.
Os primeiros deuses foram os espíritos gloriosos dos chefes mortos quando esses tinham alguma sensibilidade especial. Fincaram no solo um poste, ou uma pedra, no lugar do encontro, e disse para o homem-animal: esteja aqui na próxima vez que a luz que muda (a Lua) estiver redonda, e nos encontraremos de novo. O marco era uma espécie de presente misterioso para entrar em contato com Ele. Passaram a ajoelhar-se e orar diante Dele e matavam seus semelhantes que se recusassem a acreditar Nele. Os vestígios arqueológicos mostram que os corpos eram sepultados junto a ornamentos, armas e comida, o que demonstra que nossos antepassados não encaravam a morte como um fim definitivo.
O homem passou a reverenciar o espírito ou a alma do objeto ou fenômeno. Possivelmente, foi durante um desses longos períodos (para ele) de espera, que o homem-animal achou que, se ele trouxesse algo para o local do encontro e deixasse ali um presente, talvez o Visitante fosse induzido a descer do céu um pouco antes da época marcada, e assim ele poderia pedir um conselho ou resolver um problema antes da data marcada. Foi assim que o homem tinha feito o seu primeiro sacrifício e oferendas.
Passou também a venerar os animais que caçava e que eram foram simbolizados em pinturas rupestres e pequenos entalhes. O sacerdote começou a vestir a pele dos animais e se adornava com cornos de animais. Tentava, como acontece ainda hoje com o Homo sapiens, obter boas caçadas e um destino próspero para a tribo através de promessas e magias. Surgiu assim a primeira e a pior profissão do mundo.
Foi nesse período animista que surgiu a adoração e o culto dos antepassados: dos deuses manes, como diziam os romanos. A divinização do espírito, duplo ou alma das coisas e dos antepassados, foi o passo seguinte, um pouco mais abstrato, na evolução religiosa.
Na ilha isolada do Oceano Pacífico, a Ilha de Páscoa temos um exemplo muito claro da cultura Rapa Nui, com as enormes esculturas de pedra – os – moai. O culto ao homem pássaro. O ritual era realizado entre os competidores, quando o primeiro homem apanhava um ovo e retornava a ilha com ele intacto. O vencedor era recebido com festa e como semideus. O homem-pássaro era considerado “intermediário” dos deuses durante seu reinado. Os monumentos megalíticos, foram erguidos na Idade da Pedra, e encontrados também em diferentes regiões da Europa.
Em Stonehenge, Salisbury, Inglaterra, encontramos um famoso círculo de pedras enormes, no meio de um imenso campo verde, monumentos formados por enormes blocos de rocha. Acredita-se que seja tão antigo quanto as pirâmides do Egito.
Seja qual for o ritual, ou a teologia que envolve, o homem-animal ainda procura induzir seus deuses a descerem do céu para ajudá-lo – ou no caso dos que são reconhecidos como Santos por seus companheiros, meramente pelo prazer de sua companhia. Essa última prática é chamada de Misticismo, e é muito apreciada entre os seres humanos já que o verdadeiro Místico não busca qualquer recompensa – ele se acha pura e simplesmente “em amor com o Deus”. O homem confundiu suas idéias com o sobrenatural, e daí não saiu da magia, supertição ou religião, até hoje!
Das culturas primitivas , lentamente resultaram novas idéias e o homem passou da infância do barbarismo das religiões politeístas, para o jardim da infância da civilização até a chegar a Disneylândia com homens bomba da religião monoteísta da civilização atual. Foi desse modo que, a princípio, o homem ignorante criou um Deus de acordo com sua própria imagem até os nossos tempos.
Sob essas infelizes circunstâncias desenvolveram-se duas castas. Os que assumiram o lado legislativo do homem-animal, conforme a idéia do seu irmão do Céu, tornaram-se líderes religiosos e formaram a classe dos sacerdotes. E os que assumiram o lado administrativo da idéia do homem-animal, incutido pelo Irmão do Céu – aqueles que se tornaram controladores e líderes pela força e formaram os seus exércitos. Estava feita a união entre Igreja e Estado com privilégios para ambos.
Nas aulas de religião passaram a ensinar que Deus tinha criado o mundo e muitos se contentaram com isso. Mas e o próprio Deus quem criou? Teria ele se criado a partir do nada absoluto? Dificilmente ele poderia ter criado a si mesmo, sem antes possuir um “si mesmo” através do qual pudesse criar. Se Deus sempre existiu, Ele tinha que ter tido um começo.
Então dizem os sacerdotes ao povo: Em nossas transes (visões e alucinações) e por meio de nossas orações e nossos sacrifícios para vocês (e algumas vezes de vocês), entramos em contato com o Céu e Ele nos fala. Foi isso o que ele disse, e vocês devem obedecer a mim a Ele e ao filho único JC. A maior parte disso sai diretamente de nosso subconsciente sacerdotal, mas não importa. Eles conseguem o poder pelo qual anseiam, principalmente apresentando um ritual destinado a impressionar os crédulos – uma forma de hipnotismo de massa. E, em parte, em nossos dias mais civilizados eles conseguem seguidores, prometendo o inferno e a danação eternos aos que discordam deles e a salvação através do arrependimento.
O sacerdote passou a ser olhado como uma pessoa capaz de construir uma ponte sobre as águas, ou espaço, existente entre a Terra e a morada do além. Os sacerdotes declararam-se capazes de se comunicarem com essas entidades e colocaram-se na posição de organizar e transmitir conselhos, leis, regras, regulamentos, promessas e até de fazer profecias. A crença de que era possível transmitir o poder de comunicação levou à criação das Ordens Sagradas adaptadas em seus objetivos em diferentes épocas. Moisés subiu no monte Sinai e falou diretamente com Deus. O arcanjo Gabriel visitou Maomé em sua caverna.
O próprio Papa é chamado Pontífice termo derivado da palavra latina que significa ponte (pons), porque se supõe que ele atue como elemento de ligação entre o Céu e a Terra, entre o Altíssimo e a Humanidade. A idéia da ponte aparece em outros lugares nas religiões da humanidade, no sistema escandinavo, onde na ponte do Arco-Iris, a passagem celestial por sobre a qual os valentes guerreiros que morriam em combate eram levados para o Vahala, onde desfrutavam da companhia dos deuses.
Até mesmo o famoso psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), em seu livro Totem and Taboo (Totem e Tabu), tentou explicar a origem da religião. Freud explicou que a mais primitiva religião surgiu do que chamou de neurose e temor ligada à figura do pai. Teorizou que, como se dava no caso de cavalos e gado selvagens, na sociedade primitiva o pai dominava o clã. Os filhos homens, que tanto odiavam como admiravam o pai, afirmava Freud, “estes selvagens canibalistas comiam a sua vítima”. Mais tarde por causa do remorso, eles inventaram ritos e cerimônias para reparar a sua ação. Segundo a teoria de Freud, a figura do pai virou Deus, os ritos e as cerimônias passaram a ser a mais primitiva religião.
Na presença real de Cristo na eucaristia, bebem, comem, digerem e defecam o corpo de Cristo, transformar vinho em sangue e pão em carne, passou a ser a comunhão, tradição praticada em muitas religiões. Crença absurda e espantosa! E, afinal de contas, por que não? Se Deus pôde criar o mundo, seria bobagem prender-se as detalhes.
E assim começaram as confusões mentais da sociedade, a idolatria e o apego a imagem acerca de Deus imaginário benevolente que escreveu ou ditou um dos nossos livros oferecendo o Paraíso, o céu, o “além-túmulo”, o inferno, purgatório. O mito do “pai nosso que está no Céu” – Deus ( o nascimento virginal de Jesus, seus milagres, e sua ressurreição) e no qual bilhões ainda acreditam, assim como recorrem a magia negra, cartomantes, adivinhos, astrólogos, para saber o futuro e receber ajuda de primitivas formas de adoração e crenças.