Não é uma sociedade secreta, embora tenha segredos velados que somente seus integrantes conhecem. Não é uma religião.
A origem remonta dos rituais da Maçonaria , seja inglesa ou francesa, remonta aos ritos pagãos da Antiguidade. Muitos autores afirmam que os Mistérios Antigos são a fonte da filosofia e da doutrina maçônica. Esses Mistérios consistiam num grupo de crenças e práticas que existiu em muitos países sob diferentes formas. No Egito eram os Mistérios de Ísis e Osíris; na Grécia, os Mistérios de Orfeu, de Dionísio e de Demeter; em Roma, de Baco e Ceres. Muitas das grandes mentes daquela época, como o filósofo Pitágoras, foram iniciados em alguma ou algumas dessas escolas de sabedoria.
Sócrates afirma: “conhece-te a ti mesmo, isso, meditando em teu mundo interno e obterás a verdade”.
É tido como certo que os ritos e símbolos maçônicos modernos têm sua origem nos mistérios egípcios. O Livro dos Mortos traz sinais maçônicos. Esses símbolos e ritos chegaram através da tradição até os nossos tempos.
A origem da palavra Maçom está no inglês , Mason, que quer dizer pedreiro. Por isso é forte a crença de que, os primeiros integrantes da organização davam duro em canteiros de obra do passado.
A lenda mais famosa conta que a origem da Maçonaria está na construção do grande Templo de Salomão, adornado de madeiras de cedro e metais preciosos, dividido além do átrio em três ambientes: o vestíbulo, o santo e o santo dos santos, onde se conservava a Arca da Aliança em Jerusalém, narrada no Velho Testamento. A construção do Templo de Salomão no Monte Mória, no seu lugar hoje está a mesquita de Al-Aqsa (terceiro lugar mais sagrado para o Islã) onde hoje fica Jerusalém. A construção envolveu milhares de pessoas durante sete anos e foi concluída em 953 a . C. Esse templo (construído, destruído e reconstruído) apresentava uma diferença em relação a outras construções no mundo antigo, porque não continha nenhum ídolo. Existia a crença de que os ídolos não eram necessários para que Deus estivesse presente: o templo fora erguido pela necessidade das pessoas, e não de Deus.
Outra tese é defendida por historiadores maçônicos como Robert Lomas. Ele aponta a Maçonaria como herdeira direta dos poucos cavaleiros templários que não foram trucidados por ordem do papa e do rei da França entre 1307 e 1314. Outros pesquisadores acreditam que a origem da maçonaria moderna estaria nas corporações de ofício, espécie de sindicatos da Idade Média, na corporação de pedreiros livre, que construíam catedrais gigantescas, onde eram bem remunerados e era natural que os Masons, mantivessem este conhecimento em segredo ficando conhecida como Maçonaria Operativa. Entre os séculos XVI e XVII, as técnicas de construção começaram a perder valor e as corporações mudaram o tom das reuniões. Começaram a ganhar traços de alquimia e rituais simbólicos secretos, começando a fase da Maçonaria Especulativa, voltada para o conhecimento filosófico, que dura até hoje.
O crescimento escola de sabedoria maçônica atraiu nobres e os mais importantes representantes das diversas profissões. Foi escrita a Constituição de Anderson, texto redigido pelo maçom James Anderson em 1723, que colocou no papel todas as normas e rituais transmitidos oralmente. Só nos EUA hoje existem 16 mil lojas que recebem milhões de membros maçons no grupo fraternal conhecido com Maçons Livres e Aceitos.
O local das reuniões é o templo, que remete ao Templo do Rei Salomão. No interior, na entrada, uma a esquerda e outra a direita, duas réplicas, duas colunas que sustentavam o Templo de Salomão. Sendo chamadas de Boaz (força , ou nele há fôrça) e Jaquim (estabelecer, estabilidade). Os nomes são derivados de relatos bíblicos sobre como Salomão construiu seu templo. No fundo da Loja, a onipotência do olho divino sem pálpebras dentro de um triângulo, sugere o – símbolo do conhecimento – ao qual não escapa nenhum ato terreno, assim como sugere o temor dos mortais diante de seu juízo. Protege os homens, deixando ao seu critério a avaliação sobre seus erros e acertos. O teto central é coberto de estrelas e planetas.
Nas cerimônias os homens vestem aventais e luvas brancas, onde é discutido o caminho que o planeta deve tomar. O rumo proposto pelos estudos é o da Luz. A idéia é do aperfeiçoamento, e de que cada indivíduo reflita sobre suas atitudes e busque sempre o caminho do bem e da perfeição. Assim a sociedade vai caminhar naturalmente para o progresso.
Ser admitido na Maçonaria requer paciência, ter pelo menos 21 anos, ter bons costumes e caráter, ser bom chefe de família, ter condições físicas. O candidato precisa ser convidado por um maçom, passar por entrevistas e ter a vida investigada por integrantes da ordem, quanto ao seu comportamento em sociedade.
A iniciação é o ritual onde todo estranho e obreiro recebe formado por um grupo mais um elemento em sua vida. Através dela, ele prova ser digno de pertencer ao grupo de elite ao qual aspira, e, depois de prova-lo, aprende o saber e os segredos que conferem a esse grupo seu caráter especial e estão em sua base. O aspirante a Irmandade, pode receber as revelações com um aperto de mão, secreto que estabelece um elo entre ele e seus novos irmãos. Um juramento de segredo costuma ser a parte central da cerimônia, pois a existência e a identidade do grupo são definidas por aquilo que se oculta. Com efeito, a força do conhecimento revelado ao iniciado é muitas vezes considerada como dependente de seu caráter secreto.
Nas cerimônias iniciáticas, tanto nas primitivas como nas modernas, o iniciando transforma-se, tipicamente, no ator central de uma transição de sua condição de estranho para a de membro do grupo. Durante a cerimônia, costuma ser tratado como um estrangeiro ou um espião, enquanto enfrenta uma série de desafios ou testes para provar-se adequado à honra de ser aceito. Os rigores podem ser metafóricos ou reais. Pode haver desconforto, privação, ameaças de ferimentos – reais ou simbólicos – ou até mesmo ameaça de morte. Outra característica comum aos ritos iniciáticos é a viagem alegórica empreendida pelo candidato, representando a distância entre seu velho estado de ignorância e sua nova condição de membro iluminado do grupo. Essa viagem, em especial nas cerimônias, assume muitas vezes a forma de um ritual alegórico de morte e renascimento.
Como provas (com os olhos vendados para sair das trevas e encontrar a iluminação espiritual), destinadas a determinar sua coragem, força, firmeza de caráter, vontade, vigor e capacidade de suportar a dor – representando a severidade da “morte” que experimentaram antes de renascerem como homens. As provas de iniciação têm a intenção de purificar o estranho e prepará-lo para receber os preciosos segredos da organização.
Os segredos da Maçonaria consistem em sinais e toques com as mãos, a forma de escrever e assinar o sobrenome num documento (com três pontos em forma de delta, que podem significar: amor, vontade e inteligência). Servem para que seus integrantes se reconheçam em qualquer parte do mundo e em qualquer idioma. Cada novo aprendiz admitido recebe um conjunto de ferramentas que evocam as origens da sociedade como grupo de trabalhadores e que representam também certas virtudes ou idéias significativas. Após um período de estudos e de seus atributos o aprendiz pode ser elevado a outros graus. Outros segredos e sinais e senhas secretas são relacionados a rituais e códigos somente conhecidos pelos iniciados.
O iniciado não recebe todo o conhecimento de uma vez, mas por etapas. Começa seu crescimento espiritual no primeiro degrau de uma hierarquia , cada novo degrau (ou grau) é acompanhado de novas cerimônias iniciativas e revelações mais profundas, até chegar ao grau de Mestre e mais elevados se dedicar com afinco. Esse rito, cria a saga de um herói maçônico chamado grão-mestre dos arquitetos do Templo de Salomão Hiram Abif, que comandou 183.600 artesãos e trabalhadores. Dizem, sofreu uma morte de mártir nas mãos de subordinados infames, quando se recusou a revelar os segredos do grau de mestre maçom. Seu destino é lembrado para que ninguém esqueça a seriedade dos votos maçônicos do segredo. Quando a cerimônia se encerrar, ele terá obtido a elevada posição de Mestre (ou Aprendiz ou Companheiro), mediante a resistência espiritual. Um admirável e poderoso laço de experiência particular indescritível, compartilhada entre os membros, distinguindo-os dos demais mortais. Cícero deixou essa declaração acerca de sua própria iniciação:
“Aprendemos a viver e morrer com melhor esperança”
Cada símbolo, cada palavra do ritual constituem elementos destinados a fortalecer a espiritualidade. Porém, não se deve confundir espiritualidade, com oração, religião, prece ou reza. É pedida somente a invocação da presença do Grande Arquiteto do Universo. Não há pedidos de perdão, auxilio. Esses pertencem às preces individuais dos obreiros no mundo profano, cada um com sua fé particular.
A energia que cada irmão busca e obtém não constitui ato religioso mas sim espiritual, ou seja, a soma das energias mentais e físicas em benefício dos necessitados. Isso, acontece em reunião de trabalho no templo na Cadeia da União, que não constitui ato religioso. Se fosse uma religião, os “irmãos obreiros” deveriam pertencer a uma única fé, e o conteúdo das preces nos diversos rituais e graus deveriam ser suprimidos, pois essas se assemelhariam a atos religiosos. Não existe a invocação do “divino”. Também não é seita , nem escola filosófica. A Maçonaria é tolerante a todas as religiões e faz da sua liberdade de pensamento o seu conhecimento e fundamento.
CASSARD, define e nos diz que: “Maçonaria é a escola de iniciação que não só instrui e desenvolve a inteligência, como predispõe o espírito à compreensão do ABSOLUTO. É obra de filósofos virtuosos, cuja idéia é introduzir na sociedade o estudo das ciências e convidar o homem ao exercício do culto simples e sem vislumbres de superstições. Verdadeira escola de sabedoria”.
Quando o Grande Arquiteto é invocado, esse chamado significa o desejo da presença e da orientação de quem tudo projetou. É uma instituição universal, onde cada maçom (irmão) tem liberdade de pensamento; uma maneira de encarar o mundo e praticar a fraternidade. Que surgiu em uma época em que reis controlavam o corpo das pessoas e as religiões a mente das pessoas. Irmão que é irmão, nunca deixa outro irmão na mão. São todos unidos pelo compromisso de ajuda mútua e pelos ideais da Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
Há diferenças entre Deus cristão e o Grande Arquiteto do Universo. Para os maçons, o Grande Arquiteto tem as características de um arquiteto comum. Na prática, o arquiteto cria um projeto e não o executa, pois ele precisa da colaboração de uma equipe: desenhistas, mestres, pedreiros e serventes. O arquiteto se limita, de fato, apenas ao “projeto”. Como Deus bíblico, os maçons entendem que Deus projetou a Terra e o Universo, ou melhor os universos. Mas o G.A.D.U. maçônico, tem a propriedade de ser “uno” ou seja não possui a Trindade Cristã. Esse conceito de Deus como o Grande Arquiteto implica a existência de “outros arquitetos”.
Para os Maçons, cada iniciado tem em si parte do Grande Arquiteto e cada membro da fraternidade será um arquiteto, não independente, mas “submisso” ao G.A.D.U., dessa forma explica Rizzardo da Camino, autor de mais de trinta livros:
“O dever de todo maçom é o de ser uma espécie de renovador projetista”.
Antes se tornar Papa Bento XVI, escreveu sobre a Maçonaria e deixou uma advertência taxativa:
“Católicos que pertencem à Ordem estão em pecado grave”.
O século XVIII, era conhecido como Iluminismo, assistiu ao surgimento do mundo moderno, tal como o conhecemos. Foi uma época de grande crescimento político e cultural na Europa e, conseqüentemente, na América. Pensadores progressistas abraçavam o racionalismo, o método científico, a importância do indivíduo e a perfectibilidade da moral da humanidade. E se o Iluminismo era a mensagem, a linguagem universal que a transmitia era a Maçonaria. O idealismo do momento enquadrava-se perfeitamente na filosofia maçônica de tolerância, fraternidade e humanismo, e a organização tornou-se um importante veículo para a disseminação desses valores.
Embora a fraternidade se mantivesse oficialmente apolítica, seus valores naturalmente conduziam seus membros para as crenças democráticas contra os domínios repressivos em muitos países.
“A Maçonaria ensina, defende e propaga que a sociedade, e de modo particularíssimo o Estado, não só não deve ter oficialmente nenhuma religião, mas deve excluir e eliminar do ambiente público tudo quanto se relacione diretamente com qualquer religião”
Os maçons atraíram homens dedicados e politicamente ativos. Esses homens, a nata da sociedade progressista, filósofos, livre-pensadores, humanistas, aristocratas, intelectuais, governantes, nobres e outras profissões, imaginavam e conquistaram uma nova sociedade baseada na Fraternidade, Igualdade e Liberdade. Muitos foram perseguidos e castigados pelos antimaçonicos, o clero. O que aconteceu também na 2ª Segunda Guerra Mundial, com a perseguição, deportação e morte de muitos maçons realizadas pelos nazistas e fascistas.
Grandes figuras da história do mundo: Pitágoras, Simon Bolívar, Harry Truman, Amadeus Mozart, Goethe, Churchill, Douglas Mac Arthur, Charles Lindbergh,Theodore Roosevelt, Joseph Smith, Henry Ford, Rudyard Kypling, Benjamin Franklin, George Washington. O astronauta “Buzz” Aldrin, que levou no bolso uma bandeira com o emblema maçônico durante o primeiro pouso lunar na missão Apolo 11. Milhares de outros no mundo se destacaram como maçons famosos e ilustres, brasileiros como: o Imperador D.Pedro I, Tiradentes, o patriarca da independência José Bonifácio de Andrade Silva, Jânio Quadros e outros.
Seja meramente pelos contatos sociais, solidariedade e caridade ao próximo ou pela gratificante iluminação da alma, há séculos a Maçonaria vem atraindo homens virtuosos, humanistas, livres pensadores, pacifistas e figuras legendárias da história